Tapada das Necessidades: Os lisboetas não a querem desvalorizada

06-05-2021

Um grupo de cidadãos frequentadores e admiradores da Tapada das Necessidades conjuga esforços na defesa desse património nacional contra um projeto de intervenção que se afigura desajustado e contrário à identidade sociocultural do local.

Sob a designação "Amigos da Tapada" o grupo está na origem da petição "Em Defesa da Tapada" que à data já ultrapassou 11 000 assinaturas e foi entregue na Assembleia Municipal de Lisboa e na Assembleia da República.

A Tapada das Necessidades está classificada como Imóvel de Interesse Público e Zona Especial de Proteção e insere-se numa zona de Reserva Florestal Nacional. É um jardim histórico muito pouco intervencionado, mas com uma forte identidade e um extraordinário equilíbrio ecológico. São 10 ha com arvoredo espesso, plantas exóticas, um magnífico relvado, lagos e animais livres e um conjunto de peças artísticas de uma época romântica. É um espaço historicamente ligado ao palácio das Necessidades e à nobreza, mas que a população usufrui agora com prazer e liberdade.

A Tapada merece uma intervenção cuidada. Há construções abandonadas que podem ser requalificadas e serem utilizadas de acordo com objetivos culturais ou pedagógicos especiais, algumas instalações de apoio são desejáveis, nomeadamente numa zona periférica da Tapada. A manutenção e a segurança da fauna e da flora devem ser garantidas.

O conhecimento da iniciativa da CML, que tem vindo a ser preparada desde 2015 sem divulgação pública, surpreende-nos em 2021 pelas seguintes três razões, entre outras:

- A sequência do processo: um contrato de concessão a um empresário da restauração em 2016 muito antes da apresentação e discussão pública do plano de recuperação que se anuncia para maio de 2021 eventualmente condicionado por compromissos já assumidos com o concessionário.

- O projeto de arquitetura apresentado pelo concessionário em 2017, para licenciamento, que inclui a construção de um restaurante, com uma área de 359m2 e esplanada de 190m2 e uma cave de 226 m2, no centro, numa zona nobre, da Tapada colocando em risco o equilíbrio ecológico, quer a nível social e psicológico, quer cultural e natural do lugar. Este Projeto foi aprovado em 2019 com a designação de "Obras de Construção, Alteração e Ampliação", no âmbito do Projeto de Reabilitação.

- O impacto na Tapada e na zona urbana envolvente muito densa e consolidada, com circulação e estacionamento muito exíguos, face a iniciativas planeadas para atração de visitantes (instalação de um anfiteatro com capacidade para 200 pessoas, de um restaurante com possível capacidade para 100 pessoas, e de instalações para coworking, entre outras)

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